O Brasil da Música

O mundo dá voltas e as tendências mudam num piscar de olhos. Quem viveu nos anos 80 sabe bem desta época. As vestimentas eram bem discretas, o socialismo predominava na Rússia, o Brasil passava por um regime de exceção e os estilos musicais eram diferentes dos de hoje.

Na cultura, a música mostra a sua origem e a sua zona de predominância. O sertanejo surgiu no interior paulista, o Funk domina as favelas cariocas, o Rap comanda áreas onde houve influencias vindas da periferia estadunidense. Falar em cultura brasileira é falar em MPB, o estilo musical que expressa a tradição surgida aqui. Era o mais apresentado nos áureos festivais de música e teve forte importância em criticar os “Anos de Chumbo”.

Por mais de vinte anos, o Brasil passou por um momento em que só poderia ser dita uma palavra: “sim senhor”. A musica foi a principal voz onde importantes cantores como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Tom Jobim puderam expressar o seu contraponto. Uma forte crítica está presente na música Cálice, de Buarque: “Pai, afasta de mim esse cálice / Mesmo calada a boca, resta o peito / Silêncio na cidade não se escuta.” O cantor queria referir-se ao termo “cale-se”, em crítica a censura. Estilos como Hiphop e Rap também expressam sua ideologia, em crítica a sociedade individualista e preconceituosa de diversas partes do mundo.

Não se pode falar em música sem trazer ao debate a cultura e a ideologia da mesma. São fatores importantes na hora em que ouvimos os sentimentos da música no nosso corpo, na nossa alma e no nosso intelecto. Somente nesta última forma sabemos a real intenção do estilo musical sobre nós.